5 de junho de 2017
Na Universidade Federal de Viçosa, são muitas as propostas que tratam de uma mudança no modo de visualizar e abordar a questão ambiental. São ações sobre agroecologia, coleta seletiva, reciclagem, recuperação de áreas degradadas, sustentabilidade e diversos outros temas relacionados ao consumo exagerado de recursos e à perda constante de biodiversidade que tem acontecido. Algumas delas serão apresentados ao longo deste mês pelo Projeção Virtual, a versão virtual do informativo desenvolvido pelo Núcleo de Apoio a Programas e Projetos de Extensão (NAPE). O tema desta primeira matéria será a Educação Ambiental.
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Em 1972, na cidade de Estocolmo, as Nações Unidas se reuniam pela primeira vez para discutirem o Meio Ambiente Humano. Neste encontro, que ficou conhecido como a Conferência de Estocolmo, o dia 5 de Junho foi escolhido para representar o Dia Mundial do Meio-Ambiente. O objetivo da conferência foi alertar os representantes políticos sobre o uso insustentável dos recursos naturais, incentivando a conscientização popular.
Neste contexto, uma importante ferramenta é a Educação Ambiental. Capaz de abordar tópicos relacionados à consciência ecológica e à sustentabilidade, configura um tema abrangente, que pode ser explorado em seus aspectos econômicos, sociais, políticos, éticos.
Na UFV, a tradição agrícola (que trata, por assim dizer, das relações de produção mais diretas entre o homem e o meio-ambiente) já aponta uma afinidade com o tema, que está presente em diversos de seus departamentos. Em termos de extensão universitária, é possível ver alguns deles socializando o conhecimento por meio de espaços de ciência ou sensibilizando o público junto a projetos, como o Departamento de Biologia Vegetal (responsável pelos espaços do Horto Botânico e do Herbário) e o Departamento de Biologia Geral (responsável pelo projeto Trilheiros do Sauá).
O Horto Botânico da UFV, fundado em 1938 e localizado na Avenida Purdue, abriga, em seus quase 10.000 metros quadrados, diversas espécies do Brasil e de outros países, como Índia, Japão e Malásia. É um lugar agradável que já foi aberto ao público, mas hoje recebe visitas agendadas. A professora Flávia Cristina Garcia, coordenadora do Projeto de Educação Ambiental do Horto Botânico, lamenta a recente restrição do acesso: “Viçosa é carente deste tipo de espaço, onde se fica em contato com o ambiente natural. A gente quase não tem praças na cidade. Algumas pessoas vinham ler, relaxar, apenas estar ali dentro… É um lugar calmo e bonito, com o som dos passarinhos. É uma pena que a gente tenha tido que fechar o Horto.”
Felizmente, os visitantes podem contar com oficinas, caminhadas e dinâmicas que reafirmam a necessidade da preservação e da manutenção da biodiversidade, além de vislumbrar as interações das plantas com o habitat. Todas as atividades são alinhadas à faixa etária do público e seguem uma metodologia participativa adequada.
Ao lado do Horto Botânico funciona o Herbário VIC, um acervo de 54.000 espécies, entre algas, fungos e plantas provenientes de Minas Gerais, principalmente, mas também de outras regiões do país. Além do armazenamento físico (em armários de metal, num ambiente com umidade e temperatura controladas – que evita a proliferação de insetos e fungos) dos exemplares ressecados e prensados, catalogados de acordo com seu nome científico, coordenadas geográficas do local onde foram coletados e sua morfologia (cor, formato, aroma…), o catálogo do Herbário também integra plataformas digitais do Brasil e do exterior. Esta base de dados está disponível para a comunidade por meio do Herbário Virtual da Flora e dos Fungos, onde é possível encontrar informações úteis como plantas que podem ser medicinais ou quais possuem veneno, entre outras.
Outro espaço rico em biodiversidade dentro da UFV e que propõe diálogos sobre Educação Ambiental é a Mata da Biologia, comumente conhecida como Recanto das Cigarras. O fragmento da Mata Atlântica, em processo de regeneração natural, é uma área protegida que recebe visitas guiadas pelo grupo Trilheiros do Sauá.
O objetivo do Trilheiros é trazer alunos das escolas de Viçosa para dentro da Universidade, diminuindo os limites, aumentando o acesso e permitindo uma ocupação saudável da Mata. As trilhas são alinhadas com os conteúdos discutidos nas escolas, mesclando sabedoria popular, causos, fatos e curiosidades que explicitam as relações das plantas com o ambiente no qual se inserem.
Lucas da Rocha Lopes, bolsista do projeto, afirma que o trabalho do grupo é feito de forma crítica: “O trabalho de educação ambiental tenta problematizar e incentivar a reflexão. As informações dadas precisam envolver o contexto de Viçosa, como a questão do lixo e o constante problema com o abastecimento de água. É uma tentativa de propor questões sobre o cotidiano, para as pessoas pensarem sobre o que está acontecendo ao seu redor e sua influência e a influência da natureza nisso”.
Maiores informações sobre as iniciativas citadas podem ser encontradas no site da SEMEC – Secretaria de Museus e Espaços de Ciência da UFV.