14 de junho de 2017
Na Universidade Federal de Viçosa, são muitas as propostas que tratam de uma mudança no modo de visualizar e tratar a questão ambiental. São ações sobre agroecologia, coleta seletiva, reciclagem, recuperação de áreas degradadas, sustentabilidade e diversos outros temas relacionados ao combate ao consumo exagerado de recursos e à perda constante de biodiversidade. Algumas dessas ações estão sendo apresentadas ao longo deste mês pelo Projeção Virtual, a versão digital do informativo desenvolvido pelo Núcleo de Apoio a Programas e Projetos de Extensão (NAPE).
Você pode conferir o texto anterior, no qual falamos sobre Educação Ambiental, clicando aqui. Nesta matéria, falaremos de um projeto sobre plantio de água e recuperação de solos.
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A região de Viçosa tem enfrentado desde 2014 uma diminuição da quantidade de chuvas. Contudo, apesar da diminuição de vazões ser um importante fator para a crise hídrica, a degradação e a impermeabilização dos solos também têm influência nessa situação.
O projeto “Aprendendo a Plantar Água”, coordenado por Raphael Bragança Alves Fernandes, professor do Departamento de Solos da UFV, busca resolver esses problemas no meio rural. Desde 2009, o grupo realiza técnicas de recuperação do solo que ajudam na captação de água. Os municípios de Sem Peixe, Jequeri e Paula Cândido já participaram das atividades, e hoje a equipe trabalha com produtores rurais de Araponga/MG. A ideia é aplicar técnicas de reflorestamento (por meio de práticas agroflorestais), promover o Saneamento Rural (com a instalação de fossas sépticas e banheiros secos) e, principalmente, construir as chamadas “caixas secas”.
Em tempos de cessação da chuva, o solo em propriedades rurais tende a ficar muito seco e pode faltar água; por outro lado, quando as chuvas aumentam, a água pode arrastar o solo, destruindo estradas e assoreando córregos. A construção de “caixas secas” tende a resolver esse desequilíbrio; essa técnica consiste em cavar buracos em encostas, os quais captam a água da chuva, evitando enxurradas e voçorocas. A bolsista Thais Carvalho Maia, que participa do projeto desde o ano passado, explicita a importância disso para o abastecimento da comunidade: “Geralmente, o solo dos locais está danificado e a água da chuva bate e não consegue infiltrar. Com essas técnicas, a água para na propriedade e é armazenada gradativamente no lençol freático, evitando o esgotamento a longo prazo.”
Outro ponto importante sobre o plantio de água diz respeito à coletividade. O Aprendendo a Plantar Água atua de maneira ampla, compreendendo todo o contexto social do lugar. Thais explica que “não adianta recuperar o solo em somente uma propriedade rural. É necessário sensibilizar todo um grupo de vizinhos para adesão às mesmas práticas socioambientais. De forma coletiva os resultados são amplificados para todos.”
Os adultos participam de uma conversa na qual identificam a situação atual e discutem a melhor solução para a recuperação do lugar. Thais conta que os integrantes da equipe “não têm nenhuma receita pronta para resolver os problemas da comunidade. Tudo é feito de forma horizontal, ouvindo os membros da comunidade no que eles precisam e no que querem mudar.”
Já os jovens participam de oficinas de Educação Ambiental, nas quais são realizadas práticas de conservação de água e solos e ocorre o ensino de técnicas relacionadas ao Saneamento Rural. Estudando em regime de alternância na Escola Família Agrícola Puris de Araponga (EFA Puris), eles passam 15 dias seguidos na escola, momento em que, além do conteúdo tradicional escolar, ocorrem as oficinas, e, nos 15 dias seguintes, voltam às suas casas e aplicam o que foi aprendido.
Thais reafirma a importância dessa dinâmica: “não adianta chegar no ambiente e não preparar as pessoas, explicando o que está sendo feito e como deve ser mantido.”
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Para acompanhar o projeto, siga a rede Nós de Água no Facebook: https://www.facebook.com/redenosdeagua/