12 de julho de 2017
Desmistificar o saber científico é uma das maneiras pelas quais a universidade pode se aproximar e dar retorno do que produz à sociedade. Podemos observar esta tarefa acontecendo na relação entre Extensão Universitária e Popularização da Ciência, tema da série de matérias que o Projeção Virtual publica ao longo deste mês. No primeiro texto (disponível clicando aqui) você pode saber mais sobre Popularização da Ciência e, neste e nos próximos, apresentamos iniciativas sobre o tema que acontecem na UFV.
Estas iniciativas ganham importância quando são capazes de reduzir a disparidade entre o que acontece no meio dos pesquisadores e o que chega até a população. Para a professora Mayura Marques Magalhães Rubinger (DEQ-UFV), “existe um potencial mal aproveitado, pois o povo não acompanha as evoluções que são feitas. Eles são apenas usuários, mas não entendem a ciência por trás dos objetos que elas utilizam”. Com o objetivo de minimizar este descompasso e socializar o conhecimento produzido na Universidade, Mayura coordena os projetos Jovem Cientista e Química Em Ação.
Os dois projetos atuam com adolescentes de nove escolas públicas de Viçosa (O Jovem Cientista com estudantes do ensino fundamental e o Química em Ação com estudantes do ensino médio), auxiliando no ensino da Química. Para isso, a coordenadora e os monitores (em sua maioria, estudantes de licenciatura) utilizam aulas práticas, discussões, jogos educativos, conteúdo audiovisual e experiências em laboratório em consonância com o que está sendo estudado na sala de aula. Diferente do ensino regular, que costuma ser apenas uma transmissão de informações prontas, as ações de popularização da ciência colaboram na compreensão do desenvolvimento das leis e teorias científicas e nas maneiras de se fazer ciência, desenvolvendo a capacidade investigativa dos participantes.
Quando a química se torna algo lúdico e mais atrativo, as próprias escolas conseguem enxergar o resultado. Mayura explica que é feito o acompanhamento das notas das disciplinas de ciências (Química, Física e Biologia) dos adolescentes que participam dos projetos e elas costumam ser mais altas, em comparação com os estudantes que não participam das atividades dos projetos.
Além disso, desde o início do Química em Ação em 2005, vários estudantes perceberam a área científica como uma profissão. Eles ingressaram na UFV e alguns se tornaram monitores do projeto, contribuindo com a Popularização da Ciência pelo outro lado. Mayura afirma que, para os licenciandos, “esta é uma oportunidade de pensar a educação de uma forma diferente, com aulas divertidas e animadas, e desenvolver uma habilidade de lidar com o público mais jovem”.
Indo além do campo da pesquisa, os ganhos com a Popularização da Ciência podem auxiliar estudantes de qualquer área de atuação. Mayura conta que socializar o processo de desenvolvimento científico pode ajudar a criar cidadãos mais conscientes e mais críticos: “Você aprende a observar as situações e tirar as suas conclusões, em vez de esperar alguém te dizer o que pensar sobre o assunto. Se você compreende como se produz um conhecimento, você pode tomar decisões melhores, pois sabe até como tirar uma contraprova, para saber se a conclusão a qual você chegou é correta”.