Postado por em 05/fev/2018 -
O resultado provisório dos programas: Institucional de Bolsas de Extensão Universitária (Pibex) e Institucional de Bolsas de Extensão Universitária Categoria Júnior (Pibex Júnior) foram divulgados e podem ser acessados através da aba editais.
Mais informações sobre o resultado podem ser obtidas pelos seguintes telefones e e-mails:
Campus Viçosa: (31) 3899-2587, 3899-4861 e 3899-3999 – nape@ufv.br
Campus Florestal: (31) 3536-3366 – direc@ufv.br
Campus Rio Paranaíba: (34) 3855-9323 – dexcrp@ufv.br.
Recursos podem ser interpostos ao resultado provisório dos programas PIBEX e PIBEX Jr no período de 05 a 09/02/2018 conforme o item 10 dos editais.
A divulgação do Resultado final está agendada para dia 21/02/2018.
Postado por em 30/out/2017 -
A educação pode proporcionar condições para a transformação de pessoas em cidadãos. Com uma educação emancipadora podemos nos transformar em agentes capazes de interpretar o mundo, assumir protagonismos e modificar realidades. Durante o mês de outubro, o Projeção Virtual se dedica a falar deste tema, apresentando projetos de extensão que acontecem na UFV que promovem visões necessárias sobre o ensino e a educação. Nos textos anteriores falamos sobre a proposta de incluir pessoas com deficiência auditiva e o projeto Surdo Cidadão (clique aqui para ler) e sobre um projeto de práticas educativas para uma escola pautada nos Direitos Humanos (clique aqui para ler). Hoje, o tema é a educação por uma universidade mais diversa e o Cursinho Popular.
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O acesso à universidade ainda é um bem caro ao qual poucas pessoas tem garantia. É um privilégio a que pouquíssimos grupos têm acesso, mas vem sendo ampliado por meio de sistemas de cotas para pessoas em vulnerabilidade social e econômica e para negros e indígenas – grupos que têm o acesso dificultado pelo próprio sistema de ingresso às universidades como também à educação formal e aos cursinhos privados. Os cursinhos populares, geralmente articulados pelo movimento estudantil e grupos sociais organizados, tem se configurado como mais uma estratégia inclusiva. Na UFV, o Cursinho Popular, mediado pelo Diretório Central de Estudantes da UFV (DCE), utiliza diretrizes da educação popular para promover um ambiente universitário mais diverso e realmente plural desde 1998. Luana Mota, estudante de Comunicação Social e educadora de Redação do Cursinho Popular, reafirma esta função da universidade: “A Universidade aqui é feita apenas para as pessoas que vem de fora. A ideia do Cursinho é inserir na universidade pessoas de Viçosa e região e pessoas que não tenham grana”.
O fato de todos os 21 educadores do Cursinho Popular serem universitários também colabora com a desmistificação de algumas questões sobre a UFV. Luana Mota conta que alguns jovens que chegam ao Cursinho não sabiam que a universidade é gratuita, por exemplo: “Algumas pessoas desanimam da Universidade porque quando você está estudando, você não consegue trabalhar. Mas no Cursinho a gente mostra que existem auxílios para moradia, alojamento, bolsa alimentação, um trampo, como a gente que está aqui trabalhando no Cursinho… A gente tira essas dúvidas que parecem besteiras, mas quem mora longe da UFV realmente desconhece esta outra realidade”.
Os cursinhos particulares geralmente se preocupam apenas com a formação técnica ou a memorização de conceitos por parte do estudante, num sistema vertical, onde o professor é o único detentor do saber – a chamada Educação Bancária. Esta é uma perspectiva da educação inserida na ideologia neoliberal, ou seja, fornece apenas as competências necessárias para a entrada no mercado de trabalho. Já o Cursinho Popular se organiza de forma oposta, pautando-se pelos princípios freirianos de uma Educação Libertadora. Luana explica: “O principal objetivo do Cursinho não é a aprovação dos estudantes. O Cursinho é uma vivência, uma imersão no universo de educação popular, um contato próximo, horizontal, entre os educandos e os educadores. Nós observamos os pensamentos de Paulo Freire. Só estamos lá na frente da sala por uma questão de anatomia do espaço, mas todo mundo ali dentro tem sua importância”.
A troca entre educandos e educadores no Cursinho Popular é parte fundamental da metodologia do projeto. Luana conta que “não existe um saber único, vertical, uma verdade absoluta”. Espaços que utilizam metodologias de educação popular, como o Cursinho Popular, focam não apenas nos conteúdos abordados no modelo tradicional de ensino, mas também promove uma criticidade sobre a sociedade e debates sobre as opressões, questões locais, políticas, ambientais e culturais. A partir disso, os dois lados conseguem apreender coisas novas: “A gente sempre procura temas que exaltem as minorias, para valorizar os estudantes e para romper com alguns pensamentos deles, que costumam ser hegemônicos”. Nesse sentido, o Cursinho Popular entende os estudantes como conscientes e construtores da própria história e, por isso, também são estimulados a pensarem sobre cidadania, empoderamento cultural e a realidade que os envolve, desenvolvendo sua autonomia: “para todos os educadores, isto deve ser o principal: ninguém está lá para transmitir conhecimentos, mas para uma vivência compartilhada”.
Para ingressar no Cursinho Popular, fique atento aos informativos no Facebook: https://www.facebook.com/CPDCEUFV/ As vagas são abertas anualmente e novas chamadas são feitas de forma recorrente. Atualmente, o Cursinho Popular acolhe 120 educandos em 3 turmas e se dedica a jovens em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
Postado por em 26/out/2017 -
A educação pode proporcionar condições para a transformação de pessoas em cidadãos. Com uma educação emancipadora podemos nos transformar em agentes capazes de interpretar o mundo, assumir protagonismos e modificar realidades. Durante o mês de outubro, o Projeção Virtual se dedicará a falar deste tema, apresentando projetos de extensão que acontecem na UFV que promovem visões necessárias sobre o ensino e a educação. No primeiro texto, falamos sobre a proposta de incluir pessoas com deficiência auditiva e o projeto Surdo Cidadão (clique aqui para ler). Hoje, falamos sobre um projeto de práticas educativas para uma escola pautada nos Direitos Humanos.
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Projetos de lei como “Escola Sem Partido (PEC 55) e “Escola sem Ideologia de Gênero” (discutida quando da elaboração do Plano Decenal Municipal de Educação de Viçosa) falam sobre os direitos e professores dentro da sala de aula, regras para a definição de material didático para utilização pelos alunos e a capacidade dos pais de educarem os próprios filhos, em casa. Leis como estas podem ser vistas como uma tentativa de invisibilizar a diversidade no ambiente escolar, afirma Maria Isabel de Jesus Chrysostomo (Geografia – UFV): “A escola é o lugar onde a criança vai iniciar seu processo de formação não apenas curricular, mas como cidadão e cidadã. Vetar temas como o machismo é impedir que seja feita uma reflexão sobre a diferença e a possibilidade da convivência e do reconhecimento como diferente e portador de direitos. Projetos de leis intolerantes, como o “Escola Sem Partido”, são um reforço a mais para a importância de novas práticas educativas”.
O projeto “Práticas educativas para o exercício dos Direitos Humanos: discutindo a diversidade no espaço escolar” começou em 2016, com o objetivo de estimular reflexões relacionadas ao machismo, racismo e intolerância religiosa à Escola Estadual Raul de Leoni, no bairro Santo Antônio, em Viçosa – uma proposta antônima aos projetos de lei polêmicos discutidos atualmente. Pâmela Xavier Bastos, estudante de Geografia e voluntária no projeto, conta que o projeto foi criado pensando na realidade desta escola: “Esta é uma escola periférica, de maioria de alunos negra, mas que não inseria conteúdos sobre raça e africanidades na sua ementa”. Maria Isabel, coordenadora do projeto, reforça a importância das atividades: “Nossa sociedade pratica cada vez mais atos de intolerância e a escola reflete isso em diferentes níveis: desde a discriminação destas temáticas nos ambientes escolares até o total desconhecimento destas questões, como religiões de matriz africana e machismo. Isso permeia o cotidiano dos estudantes e da escola”.
O projeto é desenvolvido por meio de oficinas que buscam sensibilizar e incentivar posturas mais reflexivas, despertando o senso crítico nos estudantes de 10 a 11 anos de idade. Apesar da pouca idade, as crianças já carregam consigo uma naturalização em relação a situações de preconceitos que já podem ter vivido, conforme aponta Pâmela: “Estas crianças já guardam muitos preconceitos internalizados. Mas podemos dizer que o objetivo tem sido cumprido, aos poucos, com os diálogos e atividades. No início, eles se assustavam com as discussões sobre religiosidade, por exemplo, mas esse susto não acontece mais”.
A primeira oficina versava sobre beleza e aparência: diante de um espelho, os estudantes precisavam enumerar suas “imperfeições” e desenhar sua versão “ideal”. Em outra oficina, foram questionados sobre os papéis de homens e mulheres na sociedade. As seguintes foram sobre a meritocracia e sobre religiões de matriz africana. O resultado, afirma Natália Silva Paiva, estudante de Geografia e bolsista do projeto, evidenciou algumas questões na turma: “Alunos gordos se desenhavam magros, alunos negros se desenhavam loiros… Os papéis dos homens e das mulheres eram muito bem delimitados com cores, ações, comportamentos esperados… Os estudantes que estavam mais à frente do espaço sobre meritocracia eram brancos, homens… Na atividade sobre religiosidade, estudantes não quiseram reproduzir ações que são de religiões como o candomblé… Ao fim, a gente sempre faz uma discussão para desmistificar o tema e quebrar preconceitos”.
Natália ainda conta que, desde o início do projeto, o comportamento dos estudantes mudou: “A gente percebe que algumas brincadeiras ofensivas e bullying diminuíram bastante”. Pâmela Xavier Bastos conta que também é importante um posicionamento do professor: “O projeto [Práticas educativas para o exercício dos Direitos Humanos] acontecendo chamou a atenção de outros professores, da direção da escola e de funcionários para a importância dessa discussão. Isto é importante porque o professor precisa entender seu papel como mediador de conflitos no espaço escolar, respeitando a diversidade e quebrando algumas construções sociais.”
Maria Isabel Chrysostomo reafirma a importância da sensibilização ao tratar destes assuntos: “Precisamos fornecer instrumentos para garantir a convivência social e dar possibilidades para que todas as falas, todas as diferenças construam contratos, construam acordos. A oportunidade que as crianças têm de mudar um pouco o mundo delas a partir da reflexão é importante. A escola é a esfera da constituição disso”.
Postado por em 19/out/2017 -
A Pró-Reitoria de Extensão e Cultura recebeu com pesar a notícia do falecimento, no último dia 13, de Benito Taranto, professor aposentado do Departamento de Administração e Contabilidade (DAD).
Economista de formação, professor do Departamento de Administração e ex-Diretor de Cultura da UFV, Benito Taranto faleceu em Juiz de Fora, no dia 13/10/2017 onde residia desde sua aposentadoria na UFV em 1992.
Formado em música, Profº Benito Taranto foi um grande incentivador da cultura e da arte no campus da UFV, sempre preocupado em integrá-la com a cidade. Ficou conhecido por ser o idealizador do Salão Nelo Nuno, dos corais da Universidade, da oficina de criatividade e do Museu Histórico e Pinacoteca da UFV. Legados que marcam sua preocupação e paixão pela arte e cultura.
A missa de sétimo dia será celebrada na Igreja de São Mateus em Juiz de Fora, no dia 19/10/17 as 19h.
Fonte: Sandra Taranto Galhardo
Postado por em 16/out/2017 -
A educação pode proporcionar condições para a transformação de pessoas em cidadãos. Com uma educação emancipadora podemos nos transformar em agentes capazes de interpretar o mundo, assumir protagonismos e modificar realidades. Durante o mês de outubro, o Projeção Virtual se dedicará a falar deste tema, apresentando projetos de extensão que acontecem na UFV que promovem visões necessárias sobre o ensino e a educação. Neste primeiro texto, conheça o projeto Surdo Cidadão e a proposta de incluir pessoas com deficiência auditiva.
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O direito à educação é constitucional. Qualquer pessoa, independente de suas condições físicas e mentais, é amparada pelo artigo 205 da Constituição Federal: “a educação como direito de todos, dever do Estado e da família, com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
Contudo, os direitos previstos na Carta Magna não alcançam da mesma forma todos os cidadãos. Pessoas com deficiência ainda encontram barreiras não somente físicas e arquitetônicas para usufruir da educação, como também barreiras comunicacionais (por exemplo, a dificuldade de compreensão da língua portuguesa e o uso de metodologias não especializadas).
O projeto Surdo Cidadão foi iniciado em 2007, com o objetivo de suprir uma demanda de estudantes surdos de Viçosa. Cristiane Botelho (DMA/UFV), atual coordenadora do projeto, se envolveu com as atividades desde o início e conta que a iniciativa foi pioneira: “Na época, ainda não havia sido criado o Curso de Extensão em Língua Brasileiras de Sinais, o CELIB, e os coordenadores não tinham conhecimento de nenhuma outra atividade similar na UFV.”
O projeto começou com minicursos para a popularização da LIBRAS, a Língua Brasileira de Sinais. Em dois módulos de 10 horas cada, abertos ao público em geral, as pessoas participantes podem descobrir mais sobre a origem e a criação desta língua e aprendem o básico da LIBRAS, como o alfabeto, numerais e cumprimentos. Cristiane Botelho explica que a ideia do Surdo Cidadão sempre foi disponibilizar e promover a língua: “Nunca quisemos dar um curso completo. Trabalhamos com a sensibilização e a divulgação, um pontapé para as pessoas procurarem alternativas e aprofundamento. Depois dos minicursos, elas podem”.
Hoje, além dos minicursos, o Surdo Cidadão também promove o que chamam de “Ensino, Aprendizagem e Metodologias de Ensino para Surdos” ou “EAMES”. São tutorias onde jovens e adultos surdos que já terminaram o Ensino Médio têm a oportunidade de reforçar o estudo em matemática e ciências com o auxílio de dois estudantes de graduação. Cristiane Botelho afirma que pensar metodologias diferenciadas para estas pessoas é fundamental: “A LIBRAS é uma língua, como o português, o inglês, o espanhol… E a gente pensa o mundo a partir da nossa língua. A maneira de estudantes surdos, que pensam a partir de uma língua diferente, verem o mundo é outra, diferente da nossa. E eles foram colocados em salas de aula que não atenderam da melhor forma. Tentar eliminar alguns problemas relacionados a linguagem e tradução é incluir essas pessoas”.
Nestes dois encontros semanais, com duração de duas horas cada, o conteúdo estudado é aplicado na vivência cotidiana. Os estudantes experienciam acontecimentos corriqueiros (como ir ao supermercado, somar os preços e contar o troco) com a LIBRAS e as ciências. Cristiane conta que, desta forma, não é só o conhecimento da escola que está sendo aprendido: “A equipe pensa em contextos e emprega esses conteúdos. Essas lições práticas ajudam os estudantes principalmente com a sua independência”.
– Para quem se interessou, as informações sobre os minicursos e tutorias são sempre disponibilizadas pelo UFV Em Rede e na página Surdo Cidadão no Facebook: https://pt-br.facebook.com/psurdocidadaoufv/
Postado por em 16/out/2017 -
A Pró-reitoria de Extensão e Cultura informa que as inscrições de projetos para atendimento aos editais Pibex, Pibex Júnior e Procultura foram prorrogadas até as 23 horas e 59 minutos do dia 23 de outubro 2017.
Os projetos deverão ser submetidos, pelo coordenador (docente ou técnico administrativo), através do sistema no endereço https://www3.dti.ufv.br/bolsista/ e escolher o campus da UFV conforme sua lotação, de acordo com o manual de orientações do sistema.
Mais informações poderão ser obtidas pelos telefones e e-mails:
Viçosa: (31) 3899-2587, 3899-4861, 3899-3999 – nape@ufv.br
Florestal: (31) 3563-3323, 3536-3326 – direc@ufv.br
Rio Paranaíba: (34) 3855-9362 – dexcrp@ufv.br.
Postado por em 10/out/2017 -
Os projetos deverão ser submetidos, pelo coordenador (docente ou técnico administrativo), através do sistema no seguinte endereço: https://www3.dti.ufv.br/bolsista/.
A proposta deverá ser elaborada de acordo com a estrutura:
(a) Extensão Universitária (Pibex e Pibex Junior) e
(b) Cultura e arte.
Postado por em 04/out/2017 -
A Divisão de Extensão, vinculada a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PEC), irá promover uma oficina de formação para o edital de bolsas de iniciação à cultura e arte universitária – PROCULTURA 2018. A oficina, que acontecerá na próxima sexta-feira (06) às 10h, na sala de aula interativa da Coordenadoria de Educação Aberta e a Distância (CEAD), tem o intuito de auxiliar na elaboração dos projetos de cultura e arte. A capacitação será ministrada pelo professor do departamento de Biologia geral, Carlos Frankl Sperber.
A inscrição deverá ser efetuada neste link, até às 18h de quinta-feira (05).
Postado por em 28/set/2017 -
O que é Cultura? Modos de viver e de estar em sociedade? A produção de representações por meio de expressões artísticas? Um conceito estático ou que tem certa flexibilidade? Em setembro, o Projeção Virtual tentará responder esta pergunta. Conversaremos com os responsáveis por diversos projetos e programas de extensão na UFV para conhecermos suas concepções sobre cultura e traçarmos um diagnóstico do que a extensão na Universidade Federal de Viçosa tem produzido em relação a este termo.
Nos textos anteriores da série, você pode conhecer o projeto Sarauzinho Literário (disponível clicando aqui), o programa RedeMoinhos (disponível clicando aqui) e dois projetos de exibições de filmes, o Cine DLA e o CineCom (disponível clicando aqui).
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A memória é um dos principais mediadores de sentido na construção e continuidade de uma cultura ou de seus aspectos. Ela se materializa em fotografias, monumentos, textos, rituais, canções, objetos, celebrações e outros suportes, que atuam como gatilhos para acionar situações específicas ou coletivas em nossa mente. É a partir da memória que pensamos o mundo, pois são as referências que temos.
O projeto “CineMIRE: sob um olhar antropológico” utiliza filmes de caráter documental ou etnográfico (que enquadra em destaque costumes e ritos de um grupo), produzidos ou financiados de maneira independente, para evocar lembranças pessoais nos participantes e levantar questionamentos e reflexões sobre as relações e os lugares que estas ocupam. Para o projeto, é na memória que os indivíduos encontram sentidos, identificações e fermento para reinventar certas significações e pensarem sobre sua cultura – e o audiovisual evidencia elementos da cultura e ainda fornece uma compreensão artística e social do cotidiano.
Os filmes escolhidos para exibição no projeto, sempre em diferentes bairros de Viçosa, trazem, em sua maioria, temáticas emergentes e contemporâneas que sejam condizentes com as realidades do público envolvido. Por exemplo, após a exibição dos filmes “Tançá” e “Saberes do Sagrado”, guardas de congado de Viçosa e região foram convidados para compor uma mesa que apresentou outras realidades em frente ao documentário escolhido e compartilhou significados com o filme. Amanda Moura Souto, estudante de Ciências Sociais e bolsista do projeto, conta que “trazer pessoas de fora do ambiente universitário para as mesas de debate reforçam uma característica importante do CineMIRE, que é o respeito com outros saberes, que não o científico, como o saber popular e o saber tradicional”.
Após a exibição do filme “O Menino e o mundo”, no bairro de Rua Nova, o debate também se deu em torno de como a fotografia e o cinema podem ser gatilhos para acionar memórias do nosso passado. Amanda Moura conta que “senhoras se abriram e se mostraram emocionadas com o filme, porque ele foi muito importante para trazer lembranças da infância delas”.
Por meio do processo de relembrar, é possível construir uma imagem do mundo e de si mesmos – repensando nossos costumes e escolhendo como queremos contar nossas memórias e qual parte de nossa cultura queremos que persista no tempo. Pensando nisso, além das exibições de filmes, o projeto “CineMIRE: sob um olhar antropológico” também realizou oficinas de fotografia para crianças e adolescentes do bairro Rua Nova. Seis crianças participaram da atividade, onde puderam aprender conceitos básicos, como foco e enquadramento. Durante as oficinas, elas foram convidadas a experimentar o que aprenderam fotografando aquilo que havia de mais marcante para elas em seu bairro. As fotos foram organizadas em uma exposição, apresentando à comunidade o olhar das crianças sobre lugares afetivos e físicos do bairro. Amanda Moura afirma que o resultado da oficina foi excelente: “As imagens tiradas tinham não só um nível técnico, mas também um nível sensível. E elas utilizaram a fotografia como uma forma de documento e de memória. Quando perguntamos o significado de algumas fotos, elas respondiam que queriam guardar aquilo que podia sumir daí a um tempo, como uma árvore ou um coelho. É a construção agora de uma memória para o futuro”.
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O projeto CineMIRE realiza a 2ª Mostra Itinerância Forumdoc em Viçosa em novembro. Para saber mais, acompanhe a página no facebook: https://www.facebook.com/projetocinemire/
Postado por em 22/set/2017 -
O que é Cultura? Modos de viver e de estar em sociedade? A produção de representações por meio de expressões artísticas? Um conceito estático ou que tem certa flexibilidade? Em setembro, o Projeção Virtual tentará responder esta pergunta. Conversaremos com os responsáveis por diversos projetos e programas de extensão na UFV para conhecermos suas concepções sobre cultura e traçarmos um diagnóstico do que a extensão na Universidade Federal de Viçosa tem produzido em relação a este termo. Nos textos anteriores da série, você pode conhecer o projeto Sarauzinho Literário (disponível clicando aqui) e o programa RedeMoinhos (disponível clicando aqui).
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Um povo consegue expressar sua cultura através de produções artísticas, como a literatura, a música e o cinema. Mesmo obras de ficção trazem elementos e símbolos que nos fazem entender ou compreender uma sociedade e seus modelos. O cinema, por exemplo, se aproxima da realidade não somente por ter uma qualidade cada vez maior de imagem e som, mas também por apresentar temas, espaços e histórias que perpassam a cultura. Considerada a sétima arte, por ser uma das formas de expressões mais recentes, criadas somente no fim do século XIX, o cinema apresenta formas de convivência de um grupo, as paisagens de um país, os problemas de uma comunidade…
Muitas vezes, o que chega destas produções até o grande público é uma quantidade limitada, que costuma reproduzir os mesmos estereótipos ou representar os mesmos grupos – como evidenciamos no texto anterior (disponível clicando aqui). Na UFV, esta expressão cultural pode ser experenciada de uma maneira diferente por meio dos projetos Cine DLA e CineCom – Cinema e Cultura para Viçosa.
Criado há sete anos, o Cine DLA apresenta sessões de filmes gratuitas para a comunidade viçosense, no Cine Carcará. Os filmes exibidos, escolhidos pela equipe do projeto, tentam fugir do âmbito mercadológico, resgatando clássicos que já estão fora do circuito comercial ou apostando em novos temas e diretores ainda sem espaço. Diego Dominique, estudante de Letras e bolsista do projeto, afirma que “apresentar o que é diferente, pouco visto ou pouco falado, é uma forma de apresentarmos novas maneiras de ser a quem visita a sala de cinema”.
Eventualmente, o Cine DLA exibe filmes blockbusters (filmes atrativos, recordes de bilheteria), como aconteceu com Laranja Mecânica. Juan Pablo Chiappara Cabrera (DLA/UFV), coordenador do projeto, conta que nestas ocasiões o papel do projeto se transforma: “Quando passamos filmes que já conversam com um grande público, o nosso foco passa a ser propor leituras diferentes da mesma história. Ao fim do filme, procuramos debater o foco e observar pontos de vista diversos do que foi apresentado. É uma maneira de atentar as pessoas para uma forma diferente de se relacionar com a sétima arte”.
Alguns filmes exibidos também conversam com públicos específicos, escolhidos através de parcerias da equipe com outros projetos. Desde o início do ano, idosos têm visitado a sala de cinema para assistir a filmes clássicos e nacionais, escolhidos em parceria com o Programa Municipal da Terceira Idade (PMTI), e estrangeiros têm tido maior contato com a língua portuguesa e a cultura brasileira por meio de produções audiovisuais nas sessões do projeto “Cine Brasil Cultural”. Juan Pablo conta que estas parcerias têm enriquecido e motivado o Cine DLA: “Nossa ideia é fazer a cultura e a produção cultural circular e estas parcerias tem agregado mais conteúdo aos debates. As experiências positivas tem nos deixado abertos a novas parcerias”.
O outro projeto de extensão que trabalha com uma perspectiva cultural do cinema é o “CineCom – Cinema e Cultura para Viçosa”. Há cinco anos, o gramado na Praça das Quatro Pilastras tem sido ocupado mensalmente com sessões de cinema abertas. Um telão é montado pela equipe e as pessoas se assentam na grama para acompanhar as projeções – para acompanhar, pipoca gratuita. Tayná Gonçalves, estudante de Comunicação Social – Jornalismo e bolsista do projeto, faz parte da equipe desde 2015 e explica a escolha do local: “O gramado é a interseção da universidade com a cidade. Ocupar este espaço é uma tentativa de que uma fronteira invisível seja quebrada e os públicos se encontrem”.
O trabalho do CineCom começa bem antes da exibição do filme e vai além da produção de um evento. Existe um trabalho de divulgação, com cartazes e spots para rádio, e uma pesquisa anterior, que dura três semanas, tempo em que são produzidos conteúdos que serão apresentados ao público: uma revista impressa e um programa audiovisual. Ambos trazem curiosidades sobre o filme exibido, sugestões de filmes semelhantes e reflexões sobre a temática proposta pelo diretor. Tayná conta que “a equipe tenta não somente trazer novas informações, mas novas linguagens e visões para apresentar o filme. É um projeto não só de transmissão de informações, mas de experimentação e representatividade”.
O cuidado com a representatividade também aparece na curadoria dos filmes exibidos no CineCom. A equipe do projeto se reúne semanalmente para discutir possibilidades, procurando fugir de escolhas óbvias e temáticas já disseminadas no grande mercado e evitando a repetição de nacionalidades de origem. Tayná Gonçalves explicita que a equipe do projeto “apresenta novas culturas e evita padrões que as pessoas encontram facilmente na televisão. Queremos oferecer novas visões de mundo, para que o público no gramado se sinta acolhido por alternativas diferentes, pela diversidade”. Além disso, Tayná acredita no “poder transformador” do cinema e da arte enquanto produções culturais: “A cultura pode criar laços, nos ajudar a nos entender, nos despertar um lado sensível ou crítico sobre os problemas da sociedade. Porque as representações que produzimos falam sobre nós, nossa sociedade, nosso tempo”.
Para saber mais sobre os projetos e acompanhar as exibições, visite as páginas Cine DLA e CineCom.