29 de junho de 2017
Na Universidade Federal de Viçosa, são muitas as propostas que tratam de uma mudança no modo de visualizar e tratar a questão ambiental. São ações sobre agroecologia, coleta seletiva, reciclagem, recuperação de áreas degradadas, sustentabilidade e diversos outros temas relacionados ao combate ao consumo exagerado de recursos e à perda constante de biodiversidade. Algumas dessas ações estão sendo apresentadas ao longo deste mês pelo Projeção Virtual, a versão digital do informativo desenvolvido pelo Núcleo de Apoio a Programas e Projetos de Extensão (NAPE).
Nos textos anteriores falamos sobre Educação Ambiental (clique aqui para ler), sobre Plantio de água (clique aqui para ler) e a Mata do Paraíso (clique aqui para ler). Neste último texto da série, o tema é a coleta seletiva.
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Boa parte do que hoje é enviado para “lixões” e aterros sanitários poderia ter outro destino. Através da coleta seletiva (recolhimento de resíduos recicláveis separados do lixo orgânico e rejeitos), mais materiais podem ser reciclados, ao serem beneficiados e comercializados com indústrias recicladoras. Esse reaproveitamento de resíduos diminui a quantidade de matéria-prima retirada da natureza, ajuda na preservação do meio-ambiente e ainda pode colaborar com associações de catadoras e catadores de lixo.
Dentro da UFV, a coleta seletiva acontece desde a década de 1970, mas somente em 2015 é que todo o trabalho de gestão de resíduos foi centralizado na Divisão de Gerenciamento de Resíduos (DGS), vinculada à Pró-Reitoria de Administração (PAD). É este órgão que coordena a coleta regular dentro do campus, o encaminhamento dos materiais recicláveis para a Associação dos Trabalhadores da Usina de Triagem e Reciclagem de Viçosa (Acamare) e a disposição final adequada dos resíduos que não podem ser reciclados, como alguns resíduos de laboratórios.
Neste mês, a DGS também apresentou a versão preliminar do e-book “Coleta Seletiva Solidária”. O conteúdo, que institucionaliza e sistematiza a coleta seletiva na UFV, servirá como um material de apoio para a comunidade acadêmica participar da coleta seletiva solidária na universidade. Ulisses Bifano, coordenador da DGS, conta que “uma das dificuldades que [nós, da DGS] temos é a de promover capacitações para todos os envolvidos na Universidade, principalmente estudantes, então esta ferramenta digital ajuda a documentar as práticas, divulgar de uma maneira mais rápida e ser uma fonte de consulta fácil e acessível a todos.”
A Coleta Seletiva Solidária também é o tema central do projeto “A Astriflores e a Coleta Seletiva em Florestal: em busca de uma gestão colaborativa”. O grupo atua na organização interna da Associação de Catadores e Triadores de Materiais Recicláveis de Florestal (Astriflores) e na sensibilização da população de Florestal para a separação correta do lixo. A partir de 2014, o projeto contribui com inúmeras conquistas do grupo, como a definição de dias certos para a coleta de materiais recicláveis, a destinação dos resíduos não-recicláveis diretamente para o aterro municipal (antes tudo era destinado a Astriflores), diversas campanhas de divulgação da coleta seletiva, redução significativa na carga de trabalho da Astriflores e aumento nos rendimentos dos associados. Mariana Mayumi, orientadora do projeto, acredita que, além do aprendizado de vida a partir da convivência com as associadas da Astriflores, “também foi muito interessante ver a transformação da equipe na relação pessoal com os resíduos e as questões ambientais da atualidade.”
Com a conquista de autonomia das associadas da Astriflores, o projeto de extensão reduziu sua atuação nesta frente. Mariana Mayumi afirma que a equipe do projeto continua realizando reuniões esporádicas com a administração municipal e realizando aconselhamentos à Astriflores sempre que é demandada: “Acreditamos que, dessa forma, estamos gerando empoderamento às partes e evitando a criação de relações de dependência com relação ao projeto.” Para os próximos anos, a equipe do projeto planeja, dentre outras coisas, colaborar com a organização da coleta seletiva dentro do Campus UFV- Florestal e ampliar a atuação junto à comunidade para outras questões ambientais e de cidadania.
Já no campus Viçosa, há o “Projeto InterAção – Responsabilidade Social e Meio Ambiente”. O projeto, que atua desde 2008, realiza ações de fortalecimento da coleta seletiva na cidade, como eventos, atividade lúdicas, campanhas, intervenções e projetos de educação ambiental com foco em coleta seletiva em escolas. Um dos objetivos do grupo é dar visibilidade e melhorar as condições de trabalho e de renda das catadoras e dos catadores da ACAMARE e da Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Viçosa (ACAT). Hoje, o grupo tem trabalhado na produção do documentário “Descortinando o trabalho invisível dos catadores”. O vídeo irá mostrar a realidade destas associações, como elas funcionam e o quanto elas ganham quando a coleta seletiva é bem realizada e difundida.
Além disso, o Projeto InterAção também busca sensibilizar a população para a importância desta prática. Nádia Dutra de Souza, orientadora do projeto e premiada com a medalha Peter H. Rolfs de mérito em extensão, ressalta que “a separação do lixo reciclável, a diminuição do consumo e o repensar do descarte é fundamental e é um exercício de cidadania. Quem o faz não está ajudando os catadores, é da sua responsabilidade. É competência da comunidade.”
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Saiba mais sobre o Projeto InterAção: http://www.projetointeracao.ufv.br/