Postado por em 18/set/2017 -
O que é Cultura? Modos de viver e de estar em sociedade? A produção de representações por meio de expressões artísticas? Um conceito estático ou que tem certa flexibilidade? Em setembro, o Projeção Virtual tentará responder esta pergunta. Conversaremos com os responsáveis por diversos projetos e programas de extensão na UFV para conhecermos suas concepções sobre cultura e traçarmos um diagnóstico do que a extensão na Universidade Federal de Viçosa tem produzido em relação a este termo. No primeiro texto da série (disponível clicando aqui), você pode conhecer o projeto Sarauzinho Literário. Neste texto, o programa RedeMoinhos.
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Uma das formas de enxergar a cultura é como a identidade de um povo: são os ritos, os mitos, as práticas, os valores e os hábitos que constroem o modo de uma comunidade se organizar e viver. Nosso país carrega grande pluralidade e diversidade de identidades culturais. Contudo, enquanto alguns grupos são majoritariamente representados em esferas de poder, outros são correntemente oprimidos, excluídos e violentados. O problema é que, por vezes, há uma hierarquização de culturas, onde determinadas produções e práticas são invisibilizadas por estarem vinculadas a grupos minoritários, enquanto outras são valorizadas por estarem associadas a grupos de poder.
O “Programa RedeMoinhos: Circulação de saberes e fazeres para a promoção da igualdade racial” tem o objetivo de sensibilizar para esta realidade desigual e buscar a valorização da cultura afro-brasileira. O programa surgiu em 2015 e veio da demanda de comunidades quilombolas da região da Zona da Mata e movimentos sociais negros da região de Viçosa que precisavam de recursos e de pessoas para realizarem suas atividades, desenvolverem discussões sobre a questão étnico-racial e receberem suas certificações. Hoje, é um programa de extensão com práticas e espaços de educação formais ou não, que debatem, discutem e promovem questões sobre o lugar da pessoa negra e a questão afro-brasileira na Universidade e fora dela, coordenado pela professora Jaqueline Zeferino (Departamento de Educação/UFV).
Os membros do RedeMoinhos desenvolvem projetos em suas próprias comunidades de origem e utilizam o espaço do programa, em reuniões semanais, para informarem sobre o andamento das atividades, mobilizar mais pessoas e dividir experiências. Existe ainda espaço para pesquisa e estudo de teorias. Cada um atua em seus territórios (existem projetos, por exemplo, sobre a valorização do cabelo e da beleza negra, a capoeira e a presença e a permanência do estudante negro na Universidade), mas com o objetivo único de promover a igualdade racial e o reconhecimento da cultura afro-brasileira.
As atividades são diversas. Por exemplo, o NEAB, o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros, faz parte do RedeMoinhos e promove minicursos, oficinas relacionadas ao ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas, e eventos, como a Semana da Consciência Negra. Matheus Freitas, estudante de Ciências Sociais, atua no programa desde 2015. Ele conta que este evento acontece todos os anos em novembro, questiona a situação da população negra no Ensino Superior e traz rodas de memória sobre a luta do movimento negro e também atividades culturais: “É um momento importante para valorizarmos o que é nosso, como mães de santo, o congado, a capoeira. No ano passado, por exemplo, todo o prédio do Departamento de Dança foi ocupado por atividades artísticas e culturais de estudantes e pessoas não vinculadas à Universidade numa Mostra de Arte Preta”.
Outra ação do programa RedeMoinhos foi a articulação e organização do I Encontro de Povos Quilombolas da Zona da Mata, que aconteceu em agosto de 2016, na cidade de Piranga/MG. Dez comunidades quilombolas da região participaram do evento, cujo objetivo foi propiciar um espaço de discussão e troca de experiências sobre a cultura e a história afro-brasileira. Matheus conta que “foram diversas as organizações envolvidas e o RedeMoinhos atuou como uma mola propulsora. A nossa missão foi organizar o evento para que ele acontecesse e os espaços funcionassem da melhor maneira possível”.
No evento, foi evidenciada uma dimensão da cultura que precisa ser mais bem compreendida: “Por vezes, a cultura afro-brasileira é muito estereotipada, o que provoca preconceitos, mas precisamos entender uma dimensão de pluralidade. São várias culturas e dentro da cultura afro-brasileira também existem várias culturas. De um lado, é preciso haver respeito, no sentido de valorizar as pessoas, seus saberes, suas memórias. Do outro, é preciso haver afirmação, mostrar nossa cultura de modo positivo”, descreve o estudante.
Uma das maneiras de demonstrar isso aconteceu no projeto Curupira, dentro do Centro de Tecnologias Alternativas (CTA), durante o desenvolvimento de uma cartilha e de oficinais de educação ambiental sob uma perspectiva étnico-racial. Matheus conta que o grupo “pôde falar sobre Oxum, representando a cachoeira, Obá no encontro das águas doce e salgada, Yemanjá no mar. Falamos dos povos indígenas, das comunidades ribeirinhas, da história da Iara, do Boto… Trouxemos um aspecto cultural do meio-ambiente que as pessoas não precisam acreditar, mas precisam reconhecer a existência. Pensar a cultura é pensar em culturas diferentes numa convivência respeitosa, de igual para igual”.
Encontro de Povos Quilombolas da Zona da Mata promoveu discussões sobre a cultura afro-brasileira.
Postado por em 15/set/2017 -
A Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PEC) informa que estão abertas as seleções dos editais dos Programas Institucionais de Bolsas de Iniciação à Extensão Universitária (Pibex), de Extensão Universitária Categoria Júnior (Pibex Jr.) e de Iniciação à Cultura e Arte Universitária (Procultura).
As propostas serão submetidas, por meio do sistema de bolsas da UFV, durante o período de 15 de setembro até as 23 horas e 59 minutos de 16 de outubro. Os proponentes deverão acessar o endereço http://www3.dti.ufv.br/bolsista/ e escolher o campus da UFV conforme sua lotação, de acordo com o manual de orientações do sistema.
Nesta edição, há uma novidade no sistema: os proponentes terão a possibilidade de salvar os dados como rascunho, dessa forma, as informações serão mantidas e a inscrição poderá ser realizada por etapas.
As bolsas têm a duração de nove meses, iniciando-se em 1º de março de 2018 e encerrando-se em 30 de novembro de 2018.
Pibex
Serão concedidas 125 bolsas de iniciação à extensão para estudantes de graduação, a serem distribuídas nos três campi, sendo 95 para Viçosa, 13 para Florestal e 17 para Rio Paranaíba, conforme o edital.
Pibex Jr.
Serão concedidas seis bolsas de iniciação à extensão para estudantes de ensino médio, a serem distribuídas nos três campi, sendo uma para Viçosa, quatro para Florestal e uma para Rio Paranaíba, conforme o edital.
Procultura
Serão concedidas 15 bolsas de iniciação à cultura e arte para estudantes de graduação, a serem distribuídas nos três Campi, sendo 12 para Viçosa, uma para Florestal e duas para Rio Paranaíba, conforme o edital.
Mais informações poderão ser obtidas pelos telefones e e-mails:
Viçosa: (31) 3899-2587, 3899-4861, 3899-3999 – nape@ufv.br
Florestal: (31) 3563-3366 – direc@ufv.br
Rio Paranaíba: (34) 3855-9323- thiago.mendes@ufv.br e dexcrp@ufv.br.
Postado por em 06/set/2017 -
O que é Cultura? Modos de viver e de estar em sociedade? A produção de representações por meio de expressões artísticas? Um conceito estático ou que tem certa flexibilidade? Em setembro, o Projeção Virtual tentará responder esta pergunta. Conversaremos com os responsáveis por diversos projetos e programas de extensão na UFV para conhecermos suas concepções sobre cultura e traçarmos um diagnóstico do que a extensão na Universidade Federal de Viçosa tem produzido em relação a este termo. Neste primeiro texto, conheça o projeto Sarauzinho Literário.
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A leitura, além de ser uma forma de entretenimento e distração, também traz vantagens a quem a pratica. Ela favorece um aumento do vocabulário e do conhecimento sobre gramática e estimula o raciocínio, a criatividade e a imaginação. Contudo, ainda não é possível dizer que somos um país de leitores. Segundo a pesquisa Retratos da Leitura 2016, realizada pelo Instituto Pró-Livro, somente 56% da população leu um ou mais livros nos três meses anteriores à pesquisa (o número também compreende a leitura de apenas partes de livros).
Mas como impulsionar a criação de novos leitores? O Sarauzinho Literário tenta estimular isto através de atividades lúdicas e do contato com o processo de produção do livro. Para Daniela Alves (DCS/UFV), diretora da Editora UFV e coordenadora do projeto, o estímulo à leitura precisa ser feito desde cedo: “recebemos no Sarauzinho estudantes do quarto e quinto anos do ensino fundamental de escolas de Viçosa, uma idade adequada para a formação do leitor. Mas pretendemos expandir esse público”.
Crianças de 9 e 10 anos chegam à Editora UFV, local onde acontecem as atividades, pela manhã. Primeiro, participam de uma prática com contação de histórias, uma leitura dramatizada de um trecho ou livro escolhido pelas próprias crianças e disponível da biblioteca da escola onde estudam: “As escolas participantes recebem um kit de livros infantis publicados pela Editora UFV e a leitura é escolhida previamente na escola”.
A partir disso, também surge uma atividade prática. As crianças são estimuladas a conversarem sobre o livro, a partir de questões que a história desperta, e participam de uma dinâmica criada a partir do tema do livro, como discussões e oficinas de recortes, desenhos e colagens. Desta maneira, o Sarauzinho Literário aproxima as crianças de uma função social que a literatura pode apresentar, a representação artística de questões e problemas atuais.
Depois da prática, as crianças visitam o Parque Gráfico da Editora UFV. Lá, podem conhecer as máquinas de impressão e saber mais sobre a confecção dos livros. Entender o processo de produção do objeto “livro”, com todos os setores e funcionários envolvidos, ajuda no reconhecimento do valor da literatura. Neste sentido, Daniela Alves ainda apresenta outro objetivo do Sarauzinho Literário: “O projeto também tenta incentivar o ofício do escritor como uma profissão possível, apresentando autores de Viçosa e região. Não sei dizer onde esse encantamento com a profissão ‘escritor’ se perde, mas ele parece existir maior na infância”.
Para Daniela Alves, a cultura está presente no Sarauzinho Literário em muitas perspectivas. A principal delas é a valorização de um patrimônio cultural que é a literatura: “Podemos enxergar a cultura de diferentes maneiras. São muitos os conceitos. Ela está presente na língua, nos hábitos, nas práticas… Tudo que a gente faz está permeado de cultura, como a arte. A produção artística é uma produção cultural. E a arte, a literatura é um patrimônio cultural, que precisa ser valorizado, ser respeitado, conservado. Este é um dos nossos objetivos”.
Para acompanhar e saber mais sobre o projeto, visite o site da Editora UFV ou ligue no ramal 3423.
Postado por em 18/ago/2017 -
No último dia 11 de agosto, foi inaugurado o Fórum Municipal Lixo e Cidadania de Viçosa (FMLC), um espaço permanente para envolver a comunidade em torno da discussão sobre o lixo em Viçosa, agregando pessoas e entidades interessadas em debater a situação atual da gestão de resíduos sólidos no município.
Em Viçosa, somente cerca de 3% dos resíduos coletados são encaminhados hoje para a Associação dos Trabalhadores da Usina de Triagem e Reciclagem de Viçosa (Acamare) e para a Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Viçosa (ACAT). Boa parte dos resíduos recicláveis é enviada diretamente para o aterro sanitário, em parte porque as pessoas não separam os resíduos corretamente, outra parte porque a coleta ainda não é feita de forma totalmente seletiva. Um potencial desperdiçado, já que os resíduos recicláveis tem valor financeiro e são fonte de renda para mais de 40 famílias ligadas às associações Acamare e ACAT.
Com comprometimento de todos no FMLC será possível propor pautas para o poder público e articular soluções para o gerenciamento de resíduos sólidos que envolvam a inclusão e a promoção de autonomia às associações de catadores de Viçosa, como direciona a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/10). Esta lei prevê que os municípios lidem com os resíduos produzidos de maneira sustentável, garantindo a destinação correta de rejeitos a aterros sanitários, favorecendo iniciativas que envolvam compostagem com os materiais orgânicos e contribuindo com a sociedade através dos resíduos que podem ser reaproveitados ou reciclados.
Para instigar o início da discussão, foi realizado o seminário “Desafios da coleta seletiva com a inclusão dos/as Catadores/as”. O evento contou com a participação de cerca de 150 pessoas, entre trabalhadoras e trabalhadores das associações de catadores da cidade (Acamare e ACAT), representantes da Cooperativa Central Rede Solidária dos Trabalhadores dos Materiais Recicláveis de Minas Gerais (REDESOL -MG), do Projeto InterAção – Responsabilidade Social e Meio Ambiente, da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP), da 4ª Promotoria de Justiça da Comarca de Viçosa, do Ministério Público de Minas Gerais, da Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Social (CIMOS) e da administração superior da UFV e outros interessados nas questões apresentadas.
Marli Aparecida dos Santos Miguel, catadora associada à REDESOL, trouxe à mesa sua experiência com o Fórum Municipal Lixo e Cidadania de Belo Horizonte. Ela conta que o espaço tem servido, desde então, para discutir as leis municipais sobre resíduos, construir colaborativa e participativamente um Plano Municipal de Manejo de Resíduos, criar ações para mobilizar a comunidade em torno da Coleta Seletiva Solidária e buscar melhores condições de trabalho para as cooperativas: “lutamos por uma maior quantidade de resíduos sólidos [coletados], porque o principal norteador do fórum é a valorização dos catadores e do nosso trabalho pelo meio ambiente”.
Selma de Fátima Miranda, catadora associada da Acamare, em Viçosa, compartilhou no painel sua experiência e destacou a importância do trabalho que os catadores fazem: “Dezenas de famílias são sustentadas com o dinheiro que vem do que chamam de lixo. É um trabalho bonito. Não podemos ter vergonha. Precisamos lutar pelo nosso espaço”. Nádia Dutra de Souza, representando o Projeto InterAção e a ITCP na mesa, ressaltou a importância de políticas públicas que fomentem e fortaleçam a atividade dos catadores em Viçosa: “Uma política que inclua os catadores não só geraria trabalho e renda como também contribuiria com a diminuição da degradação ambiental. O que os catadores fazem é um serviço socioambiental”.
Camila Mattarelli de Abreu Silva, representante da CIMOS na mesa, encerrou o painel destacando que o caminho para uma maior dignidade social é a coleta seletiva: “Precisamos reconhecer o valor do resíduo reciclável, pois com ele vem a valorização do trabalho das catadoras e dos catadores. Até quando vamos continuar enterrando dinheiro? Até quando vamos continuar enterrando dignidade e autoestima?”.
Ao fim, Bianca Aparecida Lima Costa, coordenadora da ITCP/UFV, apresentou o Fórum Municipal Lixo e Cidadania de Viçosa e o destacou como uma conquista das trabalhadoras e trabalhadores: “Este será um espaço de debate, para ouvir catadores, catadoras e associações, e fortalecer políticas no âmbito municipal”.
O FMLC é aberto a pessoas com interesse e órgãos relacionados à questão dos resíduos sólidos. A primeira reunião acontece às 9h do dia 15 de setembro (os encontros acontecerão sempre na terceira sexta-feira de cada mês), onde será aprovado o regimento interno, eleita a coordenação do FMLC e definidas as prioridades do grupo. O local ainda não foi definido.
Acompanhe a página da ITCP para saber mais: https://www.facebook.com/itcpufv2003
Postado por em 04/ago/2017 -
Desmistificar o saber científico é uma das maneiras pelas quais a universidade pode se aproximar e dar retorno do que produz à sociedade. Podemos observar esta tarefa sendo realizada na relação entre Extensão Universitária e Popularização da Ciência, tema da série de matérias que o Projeção Virtual publica ao longo deste mês. No primeiro texto (disponível aqui) você pode saber mais sobre Popularização da Ciência. No textos seguintes da série, você pode conhecer os projetos Jovem Cientista e Química em Ação (aqui), a Troca de Saberes (aqui) e dois espaços de ciência da UFV, o Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef e a Sala Mendeleev (aqui). Neste, o último texto da série, apresentamos o projeto Ciência na Praça.
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As praças da cidade são comumente vistas apenas como um lugar de passagem das pessoas no dia-a-dia, mas são fundamentalmente lugares de estar junto, de convivência em comunidade. É com essa visão que surgiu o projeto Ciência na Praça, em 2016: criar uma praça onde sejam socializados o conhecimento e pesquisas da Universidade Federal de Viçosa em qualquer lugar da cidade.
Felippe Clemente, um dos idealizadores desta ação, conta que o projeto nasceu depois de perceber um baixo nível de comunicação entre a comunidade viçosense e, especificamente a pós-graduação da Universidade: “Nós sabemos que os pós-graduandos estão pesquisando, mas o desenvolvimento e os resultados, na maioria das vezes, se mantêm dentro dos departamentos ou em algum congresso externo. Mas não costumava haver nenhum contato com a comunidade de Viçosa”. A partir disso, o Ciência na Praça é pensado a partir de três questões importantes: o local que receberá o evento, o interesse do público e a produção científica atual na Universidade.
Mateus de Carvalho Reis Neves, professor do Departamento de Economia Rural e um dos orientadores do Ciência na Praça, conta que o local é escolhido pela equipe do projeto pensando em ambientes que tenham uma infraestrutura mínima, mas que, principalmente, não recebam informações sobre a UFV tão facilmente: “Queremos levar ideias e pesquisas para lugares que enxergam a Universidade como algo a à parte da cidade, para mostrar que a UFV atende a estas pessoas também”.
Decidido o local, os responsáveis pelo projeto visitam o bairro que receberá o evento e procuram apurar o que os moradores gostariam de saber. Mateus conta que o objetivo é apresentar a ciência “de modo que seja relevante para a comunidade e que, se for possível, exista uma troca de experiências. A gente só consegue isso se os temas forem de interesse para o público do evento também”. Na última edição, por exemplo, a partir da realização deste diagnóstico prévio na comunidade Nova Viçosa, foram convidados os departamentos de Biologia Geral, Microbiologia, Entomologia, Tecnologia de Alimentos e Administração, gerando estandes sobre assuntos como vírus e bactérias, a previdência social e produção caseira de geleias.
A equipe do projeto visita os programas de pós-graduação e convida os estudantes a apresentarem suas pesquisas (finalizadas ou em desenvolvimento) ou algum tema de estudo relacionado aos interesses da comunidade. A única orientação é que seja exposto de maneira prática e com uma linguagem popular. Os estudantes utilizam demonstrações, experimentos, painéis ilustrados, microscópios e outros equipamentos pedagógicos que os ajudem a representar o assunto. Felippe Clemente afirma que “isto é uma necessidade porque as pessoas que frequentam o Ciência na Praça não têm acesso à linguagem acadêmica. São elas a causa do projeto, são elas que precisam entender o que está sendo apresentado”.
Duas edições do Ciência na Praça já foram realizadas, no Bairro de Fátima e no Nova Viçosa. Você pode conferir imagens do evento clicando aqui. A terceira edição, prevista para Novembro, ainda não tem local definido.
Postado por em 27/jul/2017 -
Desmistificar o saber científico é uma das maneiras pelas quais a universidade pode se aproximar e dar retorno do que produz à sociedade. Podemos observar esta tarefa sendo realizada na relação entre Extensão Universitária e Popularização da Ciência, tema da série de matérias que o Projeção Virtual publica ao longo deste mês. No primeiro texto (disponível aqui) você pode saber mais sobre Popularização da Ciência. No segundo texto da série (disponível aqui), você pode conhecer os projetos Jovem Cientista e Química em Ação, e no texto anterior (disponível aqui) apresentamos a Troca de Saberes. Neste texto, apresentamos o Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef e a Sala Mendeleev.
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A educação regular é, em muitos casos, limitada no que diz respeito a Popularização da ciência. A forma em que foram concebidas suas metodologias e o currículo básico priorizam o conhecimento dos professores e os conteúdos dos livros-texto em relação a uma participação mais ativa dos alunos. Por isso, cada vez mais são utilizados espaços que chamem a atenção do público infantil e adolescente para aprender além da sala de aula.
Longe serem lugares parados no tempo, os doze museus e espaços de ciência da Universidade Federal de Viçosa têm buscado uma linguagem mais acessível e próxima para dialogar com o público e atrair mais visitantes. Os museus têm assumido novas concepções e estratégias e se tornado uma ferramenta a mais na formação de estudantes, além de também promoverem uma aproximação das pessoas em geral com a ciência, através da união entre o passado histórico e a atualidade.
O Horto Botânico, o Herbário VIC e a Mata da Biologia, por exemplo, apresentam dinâmicas e atividades lúdicas sobre biodiversidade e educação ambiental – como você pode conhecer neste texto do Projeção Virtual.
Outro espaço é o Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef (MCTAD), que nasceu com a intenção de socializar, organizar e conservar uma coleção de rochas e minerais que já existia no Departamento de Solos da antiga ESAV (Escola Superior de Agronomia e Veterinária). Hoje, o MCTAD (localizado na casa 31 da Vila Gianetti) se organiza em três eixos temáticos: o primeiro compreende as dinâmicas e processos do nosso planeta, como terremotos e vulcões; o segundo fala sobre o uso econômico dos recursos minerais e os impactos desta relação; o terceiro trata da conservação dos solos e da natureza.
O acervo do MCTAD contempla exemplares de rochas e minerais de todo o país, amostras de diferentes tipos de solo, painéis informativos ilustrados, quadros pintados com tintas derivadas do solo e outros objetos que auxiliam nas visitas guiadas e nos projetos educativos que promove: educação em solos e meio ambiente para estudantes de escolas públicas, cursos de capacitação para professores, exposições itinerantes, oficinas e minicursos para o público geral.
Na intenção de tirar o caráter estático do Museu e criar algo mais lúdico, o Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef também tem um espaço com amostras para manuseio dos visitantes. Cristine Carole Muggler, atual curadora do MCTAD, conta que “existe uma demanda atual para os museus se modernizarem e trazerem espaços interativos. Então, a gente cria um espaço com diversos tipos de solo e coloca uma placa “Proibido não tocar”, porque solos é uma coisa que você só conhece se você toca. Isso causa um estranhamento, porque é o oposto do que se pensa de um museu”. Cristine também afirma que as visitas guiadas e oficinas também precisam ter hoje uma abordagem diferenciada: “o Museu tem as figuras dos monitores, mas eles estão sempre interagindo, fazendo perguntas. Eles dialogam o tempo inteiro com o público, com roteiros de discussão”.
A Sala Mendeleev, localizada no segundo andar do Edifício das Licenciaturas, em frente à capela da UFV, também tem se tornado um auxílio para educadores. O local, batizado em homenagem ao principal cientista responsável pela classificação periódica dos elementos, é um modo lúdico de conhecer a história da tabela periódica e como ela foi organizada. Para isso, os monitores utilizam um laboratório onde ocorrem experimentos, com o objetivo de demonstrar as propriedades físicas dos elementos químicos e reações possíveis entre eles.
A Sala também conta com uma tabela periódica de grandes proporções (três metros de largura e dois de altura) com uma repartição para cada elemento estável da natureza. Dentro dela, estão guardadas fotos dos cientistas responsáveis pela descoberta do elemento químico, informações sobre ele, um pequeno exemplar do próprio elemento (se possível, já que alguns elementos são radioativos) e objetos derivados dele. Para Lana, uma das monitoras da Sala Mendeleev, isso é interessante porque “muita gente não sabe do que são feitos objetos comuns do dia a dia delas, como um cosmético, um produto de beleza, um material de limpeza… Na tabela gigante e no texto da visita, a gente colocou objetos comuns, cotidianos, para os visitantes notarem como a química está em todo lugar”.
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As visitas de grupos escolares ao Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef e à Sala Mendeleev devem ser agendadas previamente. Para saber mais, visite a página da Secretaria de Museus e Espaços de Ciência da UFV.
Postado por em 20/jul/2017 -
Desmistificar o saber científico é uma das maneiras pelas quais a universidade pode se aproximar e dar retorno do que produz à sociedade. Podemos observar esta tarefa sendo realizada na relação entre Extensão Universitária e Popularização da Ciência, tema da série de matérias que o Projeção Virtual publica ao longo deste mês. No primeiro texto (disponível clicando aqui) você pode saber mais sobre Popularização da Ciência. No texto anterior (disponível clicando aqui), você pode conhecer os projetos Jovem Cientista e Química em Ação. Neste texto, apresentamos a Troca de Saberes.
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O diálogo entre o conhecimento científico e o conhecimento popular é central para o entendimento da Popularização da Ciência. É importante que os pesquisadores deem retorno do que têm feito para a sociedade, mas também é necessário ouvir, para entender o que as pessoas desejam e precisam, bem como descobrir realidades e conhecimentos distintos dos ensinados nas universidades.
A Troca de Saberes, evento que chegou em 2017 à sua nona edição, tem este ponto como objetivo: dar voz a povos que têm seus saberes correntemente ignorados. Comunidades quilombolas, povos originários, núcleos de agroecologia, famílias agrícolas e outros coletivos se reúnem em torno de uma agenda de discussão sobre a agroecologia e movimentos populares, sempre com metodologias que evocam a troca de experiências e o diálogo.
A estrutura do evento consiste em tendas temáticas (como a “tenda dos povos originários puris” e a “tenda dos cuidados”), todas feitas com bambus, ressaltando um caráter ecológico e de retorno a origens, além de uma tenda central, que recebe atividades ligadas à cultura (como violeiros, grupos de danças e performances) e que envolvem os grupos sociais participantes. Cada uma delas teve programações e atividades internas mediadas pelos movimentos sociais. Construídas de modo que ficassem abertas durante todo o tempo, sem portas ou cortinas, agregavam qualquer pessoa que quisesse contribuir ou participar. Irene Maria Cardoso, que colaborou com a organização do evento, explica que a Troca dá espaço para movimentos sociais e grupos minoritários “mas isso não quer dizer que pessoas que não façam parte destes grupos não possam participar. A Troca é aberta a todos que estejam dispostos a construir o novo, uma sociedade mais justa e fraterna”.
Durante os três dias de evento os grupos e movimentos conversavam nas chamadas Peneirinhas, uma novidade da edição deste ano. O objetivo é que, juntos, através do diálogo, todos consigam separar, sistematizar e organizar os interesses e as prioridades do grupo, tirando uma lição comum que servirá de ensinamento, tarefa ou direcionamento. Como numa peneira, o importante é refinar o que já se sabe – para depois compartilhar com o público maior, na Tenda Central, durante a dinâmica do Peneirão.
Da mesma maneira, momentos dedicados às instalações artístico-pedagógicas traziam rodas de conversa para discutir temas importantes e caros à agroecologia. Fotografias, cartazes, plantas, encartes, objetos e outros elementos ficavam dispostos no centro da roda e um facilitador convidava os participantes a refletir sobre o tema e compartilhar seus significados sobre o que viam e sentiam. Assim, todos dividiam seus aprendizados e repartiam suas vivências. O mais interessante para Irene Maria Cardoso é o fato desta metodologia permitir que um conhecimento novo chegue aos dois lados da conversa: “Às vezes, as pessoas que interagem com as instalações descobrem outros significados que não estavam na intencionalidade dos organizadores. É aí que acontece a descoberta, a interação dos conhecimentos.”
Para Seu Roberto, morador do assentamento Primeiro de Junho, em Tumiritinga, que promoveu uma instalação artístico-pedagógica sobre sementes crioulas, este espaço de troca é muito rico e proveitoso: “Tem muito homem de pé rachado com o poder do conhecimento e que a gente não aproveita para melhorar o bem-estar social. A melhor coisa que a Universidade já fez foi criar essa parceria entre o homem do campo e o homem da cidade”.
Postado por em 12/jul/2017 -
Desmistificar o saber científico é uma das maneiras pelas quais a universidade pode se aproximar e dar retorno do que produz à sociedade. Podemos observar esta tarefa acontecendo na relação entre Extensão Universitária e Popularização da Ciência, tema da série de matérias que o Projeção Virtual publica ao longo deste mês. No primeiro texto (disponível clicando aqui) você pode saber mais sobre Popularização da Ciência e, neste e nos próximos, apresentamos iniciativas sobre o tema que acontecem na UFV.
Estas iniciativas ganham importância quando são capazes de reduzir a disparidade entre o que acontece no meio dos pesquisadores e o que chega até a população. Para a professora Mayura Marques Magalhães Rubinger (DEQ-UFV), “existe um potencial mal aproveitado, pois o povo não acompanha as evoluções que são feitas. Eles são apenas usuários, mas não entendem a ciência por trás dos objetos que elas utilizam”. Com o objetivo de minimizar este descompasso e socializar o conhecimento produzido na Universidade, Mayura coordena os projetos Jovem Cientista e Química Em Ação.
Os dois projetos atuam com adolescentes de nove escolas públicas de Viçosa (O Jovem Cientista com estudantes do ensino fundamental e o Química em Ação com estudantes do ensino médio), auxiliando no ensino da Química. Para isso, a coordenadora e os monitores (em sua maioria, estudantes de licenciatura) utilizam aulas práticas, discussões, jogos educativos, conteúdo audiovisual e experiências em laboratório em consonância com o que está sendo estudado na sala de aula. Diferente do ensino regular, que costuma ser apenas uma transmissão de informações prontas, as ações de popularização da ciência colaboram na compreensão do desenvolvimento das leis e teorias científicas e nas maneiras de se fazer ciência, desenvolvendo a capacidade investigativa dos participantes.
Quando a química se torna algo lúdico e mais atrativo, as próprias escolas conseguem enxergar o resultado. Mayura explica que é feito o acompanhamento das notas das disciplinas de ciências (Química, Física e Biologia) dos adolescentes que participam dos projetos e elas costumam ser mais altas, em comparação com os estudantes que não participam das atividades dos projetos.
Além disso, desde o início do Química em Ação em 2005, vários estudantes perceberam a área científica como uma profissão. Eles ingressaram na UFV e alguns se tornaram monitores do projeto, contribuindo com a Popularização da Ciência pelo outro lado. Mayura afirma que, para os licenciandos, “esta é uma oportunidade de pensar a educação de uma forma diferente, com aulas divertidas e animadas, e desenvolver uma habilidade de lidar com o público mais jovem”.
Indo além do campo da pesquisa, os ganhos com a Popularização da Ciência podem auxiliar estudantes de qualquer área de atuação. Mayura conta que socializar o processo de desenvolvimento científico pode ajudar a criar cidadãos mais conscientes e mais críticos: “Você aprende a observar as situações e tirar as suas conclusões, em vez de esperar alguém te dizer o que pensar sobre o assunto. Se você compreende como se produz um conhecimento, você pode tomar decisões melhores, pois sabe até como tirar uma contraprova, para saber se a conclusão a qual você chegou é correta”.
Postado por em 06/jul/2017 -
A Universidade Federal de Viçosa é referência em pesquisa e produção de ciência dentro e fora do Brasil. Só até a metade deste ano, mais de 320 textos científicos de pesquisadores da UFV foram publicados, segundo a plataforma Integra. Porém, estes artigos e pesquisas costumam ser escritos em linguagem acadêmica, inacessível a boa parte da população. Mas como fazer com que os trabalhos feitos na universidade ultrapassem o limites das quatro pilastras e transformem a sociedade?
O primeiro meio interessante para isso é a Divulgação Científica, que consiste numa espécie de tradução da linguagem científica/acadêmica para um meio mais popular e abrangente, tentando simplificar conceitos e noticiando novidades e descobertas importantes. Ela se torna bastante importante porque fornece curiosidades sobre o mundo, desperta interesse pelo meio dos pesquisadores e laboratórios e pode ajudar a sociedade a entender diversos aspectos de sua vida.
Recentemente, por exemplo, jornalistas da Diretoria de Comunicação Institucional da UFV (DCI) produziram uma matéria sobre a confirmação da tradição do uso da planta Quina do Mato como medicamento para problemas digestivos e de pele. Este texto se torna um trabalho de Divulgação Científica quando desmistifica e descomplexifica a pesquisa, fazendo com que tanto o processo quanto os resultados sejam entendidos pela maioria das pessoas.
Outra forma de transformar os resultados dos laboratórios em algo mais próximo da população é a Popularização da Ciência. Muito ligada à Extensão Universitária, esta prática envolve não a tradução de um conhecimento, mas na elaboração e aplicação das técnicas científicas na vida das pessoas. É uma forma de aproximar não somente a linguagem, mas também a própria ciência. Isto envolve uma nova concepção de museus, por exemplo, onde o público é convidado a tocar nos objetos e realizar experimentos junto da equipe.
Além disso, os pesquisadores saem da Universidade, encontram a realidade e também aprendem com ela, pois a comunidade também tem seu saber popular, que pode mostrar caminhos e inspirá-los.
Desta maneira, a Popularização da Ciência mexe com a participação popular e dialoga diretamente com diferentes camadas e movimentos da sociedade. Enquanto a Divulgação Científica busca produzir mídias mais compreensíveis, o objetivo da Popularização da Ciência é mais voltado para a transformação social direta.
Durante este mês, o Projeção Virtual irá produzir uma série de reportagens sobre Popularização da Ciência. Você vai conhecer os trabalhos de museus e espaços de ciência da UFV, saber mais sobre a Troca de Saberes que acontece paralela à Semana do Fazendeiro e se inteirar de projetos de extensão que promovem mudanças na comunidade quando popularizam a ciência. Acompanhe!
Postado por em 29/jun/2017 -
Na Universidade Federal de Viçosa, são muitas as propostas que tratam de uma mudança no modo de visualizar e tratar a questão ambiental. São ações sobre agroecologia, coleta seletiva, reciclagem, recuperação de áreas degradadas, sustentabilidade e diversos outros temas relacionados ao combate ao consumo exagerado de recursos e à perda constante de biodiversidade. Algumas dessas ações estão sendo apresentadas ao longo deste mês pelo Projeção Virtual, a versão digital do informativo desenvolvido pelo Núcleo de Apoio a Programas e Projetos de Extensão (NAPE).
Nos textos anteriores falamos sobre Educação Ambiental (clique aqui para ler), sobre Plantio de água (clique aqui para ler) e a Mata do Paraíso (clique aqui para ler). Neste último texto da série, o tema é a coleta seletiva.
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Boa parte do que hoje é enviado para “lixões” e aterros sanitários poderia ter outro destino. Através da coleta seletiva (recolhimento de resíduos recicláveis separados do lixo orgânico e rejeitos), mais materiais podem ser reciclados, ao serem beneficiados e comercializados com indústrias recicladoras. Esse reaproveitamento de resíduos diminui a quantidade de matéria-prima retirada da natureza, ajuda na preservação do meio-ambiente e ainda pode colaborar com associações de catadoras e catadores de lixo.
Dentro da UFV, a coleta seletiva acontece desde a década de 1970, mas somente em 2015 é que todo o trabalho de gestão de resíduos foi centralizado na Divisão de Gerenciamento de Resíduos (DGS), vinculada à Pró-Reitoria de Administração (PAD). É este órgão que coordena a coleta regular dentro do campus, o encaminhamento dos materiais recicláveis para a Associação dos Trabalhadores da Usina de Triagem e Reciclagem de Viçosa (Acamare) e a disposição final adequada dos resíduos que não podem ser reciclados, como alguns resíduos de laboratórios.
Neste mês, a DGS também apresentou a versão preliminar do e-book “Coleta Seletiva Solidária”. O conteúdo, que institucionaliza e sistematiza a coleta seletiva na UFV, servirá como um material de apoio para a comunidade acadêmica participar da coleta seletiva solidária na universidade. Ulisses Bifano, coordenador da DGS, conta que “uma das dificuldades que [nós, da DGS] temos é a de promover capacitações para todos os envolvidos na Universidade, principalmente estudantes, então esta ferramenta digital ajuda a documentar as práticas, divulgar de uma maneira mais rápida e ser uma fonte de consulta fácil e acessível a todos.”
A Coleta Seletiva Solidária também é o tema central do projeto “A Astriflores e a Coleta Seletiva em Florestal: em busca de uma gestão colaborativa”. O grupo atua na organização interna da Associação de Catadores e Triadores de Materiais Recicláveis de Florestal (Astriflores) e na sensibilização da população de Florestal para a separação correta do lixo. A partir de 2014, o projeto contribui com inúmeras conquistas do grupo, como a definição de dias certos para a coleta de materiais recicláveis, a destinação dos resíduos não-recicláveis diretamente para o aterro municipal (antes tudo era destinado a Astriflores), diversas campanhas de divulgação da coleta seletiva, redução significativa na carga de trabalho da Astriflores e aumento nos rendimentos dos associados. Mariana Mayumi, orientadora do projeto, acredita que, além do aprendizado de vida a partir da convivência com as associadas da Astriflores, “também foi muito interessante ver a transformação da equipe na relação pessoal com os resíduos e as questões ambientais da atualidade.”
Com a conquista de autonomia das associadas da Astriflores, o projeto de extensão reduziu sua atuação nesta frente. Mariana Mayumi afirma que a equipe do projeto continua realizando reuniões esporádicas com a administração municipal e realizando aconselhamentos à Astriflores sempre que é demandada: “Acreditamos que, dessa forma, estamos gerando empoderamento às partes e evitando a criação de relações de dependência com relação ao projeto.” Para os próximos anos, a equipe do projeto planeja, dentre outras coisas, colaborar com a organização da coleta seletiva dentro do Campus UFV- Florestal e ampliar a atuação junto à comunidade para outras questões ambientais e de cidadania.
Já no campus Viçosa, há o “Projeto InterAção – Responsabilidade Social e Meio Ambiente”. O projeto, que atua desde 2008, realiza ações de fortalecimento da coleta seletiva na cidade, como eventos, atividade lúdicas, campanhas, intervenções e projetos de educação ambiental com foco em coleta seletiva em escolas. Um dos objetivos do grupo é dar visibilidade e melhorar as condições de trabalho e de renda das catadoras e dos catadores da ACAMARE e da Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Viçosa (ACAT). Hoje, o grupo tem trabalhado na produção do documentário “Descortinando o trabalho invisível dos catadores”. O vídeo irá mostrar a realidade destas associações, como elas funcionam e o quanto elas ganham quando a coleta seletiva é bem realizada e difundida.
Além disso, o Projeto InterAção também busca sensibilizar a população para a importância desta prática. Nádia Dutra de Souza, orientadora do projeto e premiada com a medalha Peter H. Rolfs de mérito em extensão, ressalta que “a separação do lixo reciclável, a diminuição do consumo e o repensar do descarte é fundamental e é um exercício de cidadania. Quem o faz não está ajudando os catadores, é da sua responsabilidade. É competência da comunidade.”
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Saiba mais sobre o Projeto InterAção: http://www.projetointeracao.ufv.br/